quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Estratégias de Alocação de Ativos: Como Montar um Portfólio Inteligente no Brasil

 A gestão de investimentos é muito mais do que escolher a “melhor ação do momento” ou o “fundo imobiliário da moda”. No longo prazo, o que realmente determina o sucesso de um investidor é a alocação de ativos — o processo de distribuir o patrimônio entre diferentes classes, como renda fixa, renda variável, fundos imobiliários, ativos internacionais e alternativos.

Estudos acadêmicos e a prática dos grandes investidores mostram que a decisão de como alocar os ativos tem impacto muito maior nos retornos ajustados ao risco do que a seleção específica de ativos. Essa visão surgiu de pesquisas pioneiras, como as de Harry Markowitz, pai da Teoria Moderna do Portfólio, e foi reforçada por gestores como Ray Dalio, Benjamin Graham, Warren Buffett e, no Brasil, por especialistas em finanças comportamentais e estratégias de previdência privada.

Neste artigo, vamos explorar as principais estratégias de alocação de ativos, discutir as teorias por trás delas e adaptá-las para a realidade brasileira.


O que é Alocação de Ativos?

Alocação de ativos é a estratégia de dividir os investimentos em diferentes classes para equilibrar risco e retorno. Em vez de tentar “adivinhar” o próximo ativo vencedor, o investidor define uma estrutura sólida que considera:

  • Horizonte de tempo (curto, médio e longo prazo);

  • Perfil de risco (conservador, moderado ou arrojado);

  • Objetivos financeiros (aposentadoria, compra de imóvel, renda passiva, sucessão).

No Brasil, onde a inflação é historicamente alta e a taxa de juros costuma oscilar bastante, a alocação de ativos ganha ainda mais relevância. É preciso equilibrar ativos de proteção (como Tesouro IPCA+ e fundos DI) com ativos de crescimento (ações, FIIs, ativos internacionais).


Teoria Moderna do Portfólio – Markowitz e o Conceito de Fronteira Eficiente

Harry Markowitz, em 1952, revolucionou o mundo das finanças ao propor que os investidores não deveriam analisar ativos isoladamente, mas sim o portfólio como um todo.


Seu trabalho originou a chamada Teoria Moderna do Portfólio (MPT), que introduziu conceitos fundamentais:

  • Diversificação: reduzir risco combinando ativos descorrelacionados.

  • Risco x Retorno: risco é mensurado pela volatilidade dos ativos.

  • Fronteira eficiente: conjunto de portfólios que maximizam retorno para cada nível de risco.

Exemplo prático no Brasil:

Um investidor que aplica apenas em ações da Petrobras e da Vale tem risco concentrado em commodities. Já aquele que combina ações de diferentes setores, FIIs, Tesouro IPCA+ e ativos no exterior tende a reduzir oscilações sem necessariamente abrir mão de retorno.


Estratégias Clássicas de Alocação de Ativos

1. Portfólio 60/40

Tradicional nos EUA, divide 60% em ações e 40% em renda fixa.

  • Adaptação no Brasil: pode funcionar em períodos de juros baixos, mas exige cautela em momentos de Selic alta. Muitos investidores brasileiros usam 40% em ações/FIIs e 60% em renda fixa (Tesouro Selic, CDBs, fundos de crédito privado).

2. Carteira Permanente (Harry Browne)

Composta por 25% em ações, 25% em títulos de longo prazo, 25% em ouro e 25% em caixa.

  • No Brasil: pode incluir Tesouro IPCA+ (proteção contra inflação), FIIs (imóveis) e até criptoativos como substituto parcial do ouro.

3. All Weather (Ray Dalio – Bridgewater Associates)

Estratégia para resistir a diferentes cenários econômicos (crescimento, recessão, inflação, deflação).

  • Adaptação no Brasil:

    • Renda variável (ações brasileiras e ETFs internacionais).

    • Renda fixa indexada à inflação (Tesouro IPCA+).

    • Ouro ou criptomoedas.

    • FIIs (exposição imobiliária).

Gráfico comparativo das três estratégias de alocação

4. Smart Beta e Fatores

Nos últimos anos, surgiram estratégias de alocação baseadas em fatores de risco (value, growth, dividendos, small caps).

  • No Brasil, ETFs como SMAL11 (small caps), DIVO11 (dividendos), WRLD11 (internacional) e BOVA11 (Ibovespa) permitem diversificação acessível.

  • Novos ETFs temáticos surgem frequentemente, como o GOAT11, composto 80% pelo IMA-B e 20% pelo S&P 500, que já traria uma diversificação entre renda fixa e variável em um único produto.

  • Também tem surgido muitos ETFs que pagam dividendos, vale a pena pesquisar caso você tenha interesse em receber renda todo mês.


Realidade Brasileira: Riscos e Oportunidades

O Brasil apresenta desafios únicos para o investidor:

  1. Taxa Selic: oscilações rápidas impactam fortemente a atratividade da renda fixa.

  2. Inflação volátil: ativos indexados ao IPCA são fundamentais.

  3. Câmbio: o real é historicamente instável, reforçando a importância de exposição internacional.

  4. Impostos: a tributação sobre fundos, FIIs e ações precisa ser considerada.

Por outro lado, o país oferece oportunidades raras em mercados emergentes, como juros reais elevados (prêmio de risco) e fundos imobiliários acessíveis, algo ainda em consolidação em outros países.


Como Montar uma Estratégia de Alocação no Brasil

Passo 1 – Defina seu Perfil

  • Conservador, moderado ou arrojado.

  • Avalie tolerância à volatilidade.

Passo 2 – Determine o Horizonte de Investimento

  • Curto prazo (1–3 anos): liquidez e segurança.

  • Médio prazo (3–10 anos): diversificação equilibrada.

  • Longo prazo (10+ anos): maior exposição à renda variável.

Passo 3 – Estruture sua Alocação

  • Renda fixa: Tesouro Direto, CDBs, debêntures.

  • Renda variável: ações, FIIs, ETFs.

  • Ativos internacionais: ETFs globais (IVVB11, URTH), BDRs, fundos globais.

  • Proteção: ouro, criptoativos (com cautela).

Passo 4 – Rebalanceamento

Revisar a carteira periodicamente (anual ou semestral) para voltar à alocação original. Exemplo: se ações subiram demais e passaram de 40% para 55% do portfólio, vender parte e realocar em renda fixa.


Exemplos de Portfólios Adaptados ao Brasil

Perfil Conservador

  • 70% Renda fixa (Tesouro Selic, CDBs, fundos DI).

  • 15% Tesouro IPCA+.

  • 10% FIIs.

  • 5% ativos internacionais.

Perfil Moderado

  • 40% Renda fixa.

  • 30% Renda variável (ações e ETFs).

  • 20% FIIs.

  • 10% ativos internacionais (ETFs, BDRs).

Perfil Arrojado

  • 20% Renda fixa.

  • 50% Ações e ETFs.

  • 20% FIIs.

  • 10% ativos internacionais e proteção (ouro/cripto).


Em gráfico de barras pra comparar.

Bibliografia e Pesquisas Relevantes

  • Markowitz, H. M. (1952). Portfolio Selection. The Journal of Finance.

  • Bodie, Z.; Kane, A.; Marcus, A. (2018). Investments. McGraw-Hill.

  • Dalio, R. (2017). Principles: Life and Work. Simon & Schuster.

  • Graham, B. (2006). O Investidor Inteligente. Harper Business.

  • Damodaran, A. (2012). Investment Valuation. Wiley.

  • Castro, F. (2020). Alocação de Ativos: Uma Abordagem para o Investidor Brasileiro.


Conclusão

A alocação de ativos é a espinha dorsal de qualquer estratégia de investimento de longo prazo. Mais do que escolher ativos “da moda”, o investidor brasileiro precisa adaptar teorias clássicas — como a de Markowitz e Dalio — ao cenário de juros altos, inflação volátil e câmbio instável.

Diversificação, disciplina e rebalanceamento são as chaves para um portfólio que resista às crises e permita ao investidor alcançar seus objetivos de forma sustentável.



terça-feira, 11 de novembro de 2025

Configurar Mikrotik para Navegação Segura? Tutorial para Bloquear Conteúdos Impróprios

 Olá!

Passo a passo para configurar o Mikrotik de forma que bloqueia acesso a sites pornográficos, pesquisas Google de xxx etc. 


Passo 1: Usar um DNS para bloqueio 

  1. Acesse o Mikrotik via WinBox ou WebFig.

  2. Vá em IP → DNS.

  3. Configure um ou mais servidores DNS filtrados, por exemplo:

Serviço

Endereços DNS

Observação

CleanBrowsing (Family Filter)

185.228.168.168 e 185.228.169.168

Bloqueia pornografia, proxy e VPN

OpenDNS Family Shield

208.67.222.123 e 208.67.220.123

Bloqueia conteúdo adulto

Quad9 (com filtro)

9.9.9.11 e 149.112.112.11

Bloqueia domínios maliciosos

  1. Marque as opções:

    • Allow Remote Requests


Passo 2: Forçar o Safesearch

# 1) adicionar entradas DNS estáticas (exemplo)


# Google SafeSearch (VIP usado pelo Google)

/ip dns static add name=www.google.com address=216.239.38.120 ttl=5m comment="Google SafeSearch"


# Outros TLDs do Google (pt, br, google.com.br etc) repita conforme necessário:

/ip dns static add name=www.google.com.br address=216.239.38.120 ttl=5m

/ip dns static add name=google.com address=216.239.38.120 ttl=5m


# YouTube restricted mode (exemplo de IPs usados por Google para restricted)

/ip dns static add name=www.youtube.com address=216.239.38.119 ttl=5m comment="YouTube Restricted Mode"

/ip dns static add name=youtube.com address=216.239.38.119 ttl=5m


# Bing SafeSearch (exemplo)

/ip dns static add name=www.bing.com address=204.79.197.220 ttl=5m comment="Bing Strict"


# DuckDuckGo SafeSearch (se disponível)

/ip dns static add name=duckduckgo.com address=23.21.150.121 ttl=5m comment="DuckDuckGo safe (exemplo)"


Passo 3: Forçar todos a usarem o DNS local

# redirecionar DNS UDP/TCP 53 para o DNS local do MikroTik

/ip firewall nat

add chain=dstnat protocol=udp dst-port=53 action=redirect to-ports=53 comment="Force DNS via router"

add chain=dstnat protocol=tcp dst-port=53 action=redirect to-ports=53 comment="Force DNS via router"


Pronto!

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

É possível estimar um “preço justo” para o Bitcoin?

Sim, é possível estimar um “preço justo” para o Bitcoin, mas com muito mais incerteza do que em ativos tradicionais como ações ou títulos.

No caso do Bitcoin, o valor não vem de fluxos de caixa, e sim de fundamentos econômicos e de escassez digital, que permitem usar alguns modelos quase-fundamentalistas. Vamos explorar as principais abordagens usadas por analistas e economistas:


🧮 1. Modelos baseados em escassez — Stock-to-Flow (S2F)

O modelo Stock-to-Flow (S2F), criado por PlanB, é o mais conhecido para tentar precificar o Bitcoin pela escassez programada.

  • Stock = total de Bitcoins em circulação.

  • Flow = novos Bitcoins minerados por ano.

O índice S2F = Stock / Flow mostra quantos anos seriam necessários para dobrar o estoque existente. Quanto maior o S2F, mais escasso é o ativo (como ouro e prata).

A relação proposta é:

Preço estimado a×(S2F)b


onde (a) e (b) são parâmetros ajustados a partir de dados históricos.

https://www.forbes.com/sites/stevenehrlich/2021/04/29/demystifying-bitcoins-remarkably-accurate-price-prediction-model-stock-to-flow/


📊 Exemplo prático:

  • Antes do halving de 2024, o S2F era cerca de 56.

  • Após o halving, caiu a emissão anual, e o S2F subiu para ≈112, similar ao ouro.

  • O modelo S2F sugeriria um preço “justo” teórico em torno de US$ 100 mil – 150 mil, dependendo do ajuste dos parâmetros.

👉 Limitações:

  • Ignora demanda, adoção, macroeconomia e ciclos de liquidez.

  • Funciona bem historicamente até 2021, mas falhou na previsão de 2022–2023.


⚙️ 2. Modelo de custo de produção (dificuldade e custo de energia)

Esse modelo estima o preço mínimo sustentável do Bitcoin com base no custo médio de mineração, que depende de:

  • Dificuldade da rede (hashrate)

  • Eficiência dos equipamentos (J/TH)

  • Custo da energia elétrica (US$/kWh)

Quando o preço do Bitcoin cai abaixo do custo médio de mineração, muitos mineradores desligam suas máquinas, reduzindo o hashrate e a dificuldade — o que estabiliza o preço.

🧾 Fórmula simplificada:

\text{Preço justo} \approx \text{Custo energia (US\$)} + \text{Margem média esperada (20–40%)}


https://insights.glassnode.com/investigating-the-production-cost-of-bitcoin/


📊 Hoje (novembro de 2025), o custo médio global de mineração está estimado entre US$ 35 mil e US$ 45 mil por BTC.
Isso sugere que preços muito abaixo disso tenderiam a ser insustentáveis no longo prazo.


🌍 3. Modelos de adoção em rede (Lei de Metcalfe)

Inspirado na lei de redes, esse modelo supõe que o valor do Bitcoin cresce com o quadrado do número de usuários:
[
\text{Valor} \propto N^2
]
onde (N) = número de endereços ativos únicos ou usuários.

É um modelo de demanda de rede — muito útil para ativos digitais.
Historicamente, ele explica boa parte do crescimento de 2010–2021, quando o número de usuários cresceu exponencialmente.

https://quantpedia.com/metcalfes-law-in-bitcoin/



🧩 4. Combinações híbridas (modelos modernos)

Pesquisadores combinam escassez + adoção + liquidez global (ex.: M2 global, taxas reais, etc.) para estimar um “valor fundamental” ajustado pela liquidez.

Esses modelos apontam que:

  • Escassez define o teto do preço (potencial de longo prazo);

  • Custo de mineração define o piso (suporte econômico);

  • Adoção e liquidez definem o preço de mercado no curto prazo.


📉 Resumo comparativo

Modelo Base conceitual Faixa atual (nov/2025) Pontos fortes Limitações
Stock-to-Flow Escassez (halvings) US$ 100–150 mil Simples, intuitivo Falha em crises de liquidez
Custo de produção Energia e dificuldade US$ 35–45 mil Dá um “piso realista” Varia conforme energia e tecnologia
Metcalfe / Rede Adoção e uso US$ 50–90 mil Reflete utilidade real Difícil medir usuários reais
Híbrido Combina os três US$ 60–110 mil Mais equilibrado Requer muitos dados e ajustes


Autor: ChatGPT