segunda-feira, 3 de novembro de 2025

É possível estimar um “preço justo” para o Bitcoin?

Sim, é possível estimar um “preço justo” para o Bitcoin, mas com muito mais incerteza do que em ativos tradicionais como ações ou títulos.

No caso do Bitcoin, o valor não vem de fluxos de caixa, e sim de fundamentos econômicos e de escassez digital, que permitem usar alguns modelos quase-fundamentalistas. Vamos explorar as principais abordagens usadas por analistas e economistas:


🧮 1. Modelos baseados em escassez — Stock-to-Flow (S2F)

O modelo Stock-to-Flow (S2F), criado por PlanB, é o mais conhecido para tentar precificar o Bitcoin pela escassez programada.

  • Stock = total de Bitcoins em circulação.

  • Flow = novos Bitcoins minerados por ano.

O índice S2F = Stock / Flow mostra quantos anos seriam necessários para dobrar o estoque existente. Quanto maior o S2F, mais escasso é o ativo (como ouro e prata).

A relação proposta é:

Preço estimado a×(S2F)b


onde (a) e (b) são parâmetros ajustados a partir de dados históricos.

https://www.forbes.com/sites/stevenehrlich/2021/04/29/demystifying-bitcoins-remarkably-accurate-price-prediction-model-stock-to-flow/


📊 Exemplo prático:

  • Antes do halving de 2024, o S2F era cerca de 56.

  • Após o halving, caiu a emissão anual, e o S2F subiu para ≈112, similar ao ouro.

  • O modelo S2F sugeriria um preço “justo” teórico em torno de US$ 100 mil – 150 mil, dependendo do ajuste dos parâmetros.

👉 Limitações:

  • Ignora demanda, adoção, macroeconomia e ciclos de liquidez.

  • Funciona bem historicamente até 2021, mas falhou na previsão de 2022–2023.


⚙️ 2. Modelo de custo de produção (dificuldade e custo de energia)

Esse modelo estima o preço mínimo sustentável do Bitcoin com base no custo médio de mineração, que depende de:

  • Dificuldade da rede (hashrate)

  • Eficiência dos equipamentos (J/TH)

  • Custo da energia elétrica (US$/kWh)

Quando o preço do Bitcoin cai abaixo do custo médio de mineração, muitos mineradores desligam suas máquinas, reduzindo o hashrate e a dificuldade — o que estabiliza o preço.

🧾 Fórmula simplificada:

\text{Preço justo} \approx \text{Custo energia (US\$)} + \text{Margem média esperada (20–40%)}


https://insights.glassnode.com/investigating-the-production-cost-of-bitcoin/


📊 Hoje (novembro de 2025), o custo médio global de mineração está estimado entre US$ 35 mil e US$ 45 mil por BTC.
Isso sugere que preços muito abaixo disso tenderiam a ser insustentáveis no longo prazo.


🌍 3. Modelos de adoção em rede (Lei de Metcalfe)

Inspirado na lei de redes, esse modelo supõe que o valor do Bitcoin cresce com o quadrado do número de usuários:
[
\text{Valor} \propto N^2
]
onde (N) = número de endereços ativos únicos ou usuários.

É um modelo de demanda de rede — muito útil para ativos digitais.
Historicamente, ele explica boa parte do crescimento de 2010–2021, quando o número de usuários cresceu exponencialmente.

https://quantpedia.com/metcalfes-law-in-bitcoin/



🧩 4. Combinações híbridas (modelos modernos)

Pesquisadores combinam escassez + adoção + liquidez global (ex.: M2 global, taxas reais, etc.) para estimar um “valor fundamental” ajustado pela liquidez.

Esses modelos apontam que:

  • Escassez define o teto do preço (potencial de longo prazo);

  • Custo de mineração define o piso (suporte econômico);

  • Adoção e liquidez definem o preço de mercado no curto prazo.


📉 Resumo comparativo

Modelo Base conceitual Faixa atual (nov/2025) Pontos fortes Limitações
Stock-to-Flow Escassez (halvings) US$ 100–150 mil Simples, intuitivo Falha em crises de liquidez
Custo de produção Energia e dificuldade US$ 35–45 mil Dá um “piso realista” Varia conforme energia e tecnologia
Metcalfe / Rede Adoção e uso US$ 50–90 mil Reflete utilidade real Difícil medir usuários reais
Híbrido Combina os três US$ 60–110 mil Mais equilibrado Requer muitos dados e ajustes


Autor: ChatGPT

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Férias em Balneário Camboriú, dicas do que fazer com criança de 3 anos

Fomos viajar nas férias, final de outubro, em Balneário Camboriú. 
Pegamos um ótimo apartamento a beira mar no Airbnb, fora de temporada não custou tanto, vi que em fevereiro esse apartamento chega perto de 3 mil reais a diária, sendo que final de outubro pagamos isso por 10 dias. 

Ida e volta deu 1800km, mais de 26 horas dirigindo, fiz uma média de 18,7km por litro no Fiat Cronos, carro econômico demais. No geral as estradas estavam boas, na volta fiz esse caminho da imagem abaixo.

Caminho da volta
Na Ida passeamos por Canoas primeiro


Uma coisa que chama atenção ao chegar em BC são os prédios, toda praia está lotada de prédios muito altos, alguns são muito bonitos, BC provavelmente tem o metro quadrado mais caro do Brasil. O lado ruim é que a praia fica na sombra de tarde, no meu ponto de vista é bom, mas as mulheres que querem ficar deitadas torrando não gostam.

Prédios bonitos de ver a noite também



Na primeira semana o clima estava nublado e com vento, então não ficamos muito na praia, mas aproveitamos para fazer diversos passeios, com o passaporte da diversão.


A pequena gostou bastante do Aquário, passeio bem tranquilo dá pra fazer em uma hora, fomos num dia de semana e tinha duas excursões de crianças visitando, então pra tirar fotos sozinhos foi quase impossível, mas com paciência deu tudo certo.




Na aventura jurássica ela ficou com medo dos dinossauros, mas no geral é um ótimo passeio, também tem muitos brinquedos pras crianças, eu acho que ela gostou mais dessa parte.

A aventura pirata é um teatro, fomos juntos com uma turminha escolar e é bem tranquilo, não chegou a ficar com muito medo, mas não saiu do colo.
Passaporte 

Também fomos no passeio do barco pirata, este eu não recomendo, eu enjoei um pouco, acho que a filhota também enjoou logo pediu pra dormir, tinham algumas pessoas vomitando em sacolinhas, no geral não recomendo pra levar crianças pequenas.

Outra atração de Balneário Camboriú é Space Adventure, fomos de tardinha e não deu tempo de ver tudo, muitos itens e réplicas de foguetes da NASA, é melhor ir com tempo, tem muita informação para ler. Para criança analfabeta pouco se aproveita. 

Em todos os lugares, logo ao chegar, eles pedem pra tirar fotos e fazem montagens bem legais, infelizmente os preços são fora da realidade, 3 fotos por 100 reais e assim por diante, prefiro pedir pro chatgpt fazer uma montagem dessas de graça pra mim.

No geral BC tem muita atração, dessa vez não fomos na roda gigante e também não andamos de teleférico, que leva para outra praia, mas são atrações bem conhecidas.

Também a praia foi aumentada a faixa de Areia, tem muitas quadras de vôlei ou Beach tênis, estão revitalizando as calçadas e passeios, todos os dias tinha gente correndo ou andando de bicicleta por ali e sendo ao lado da rua acidentes são frequentes, na revitalização vão melhorar essa parte da calçada pra ficar mais seguro.

O mar tem ondas pequenas, tranquilo. Alguns dias a água do mar parecia mais suja, não sei porque.

A água de torneira não é boa pra beber, compre água mineral.

Boas viagens a todos!

Principais Cuidados Após se Aposentar: Equilíbrio Psicológico e Financeiro

A aposentadoria pelo movimento FIRE (Financial Independence, Retire Early) tem se tornado um objetivo para muitas pessoas que buscam mais liberdade e qualidade de vida. No entanto, alcançar a independência financeira e antecipar o fim da vida profissional não significa que todos os problemas estão resolvidos. Pelo contrário: essa fase traz novos desafios — especialmente no campo psicológico e financeiro.

Manter-se bem após a aposentadoria exige tanto cuidado quanto o processo de acumulação de patrimônio. Afinal, trata-se de um período que pode durar décadas e, sem o devido preparo, pode se transformar em uma fase de inseguranças.

Neste artigo, vamos explorar os principais cuidados que você deve ter ao se aposentar cedo, analisando tanto os aspectos emocionais quanto os financeiros.


1. A Nova Realidade do Aposentado FIRE

Aposentar-se antes dos 40 ou 50 anos, como muitos buscam com o FIRE, é diferente da aposentadoria tradicional. A pessoa ainda está em plena vitalidade, com energia para novos projetos, mas também enfrenta questões que muitas vezes são negligenciadas:

  • O tempo livre em excesso pode gerar tédio e sensação de inutilidade.

  • O isolamento social pode surgir, já que grande parte dos amigos e familiares ainda está em plena carreira profissional.

  • O medo de o dinheiro acabar se torna um fantasma constante, mesmo para quem acumulou um bom patrimônio.

Por isso, o FIRE deve ser visto não apenas como um projeto de finanças pessoais, mas como um projeto de vida.


2. Cuidados Psicológicos Após a Aposentadoria FIRE

2.1. Redefinição de Propósito

O trabalho é uma das principais fontes de identidade e propósito para muitas pessoas. Sem ele, é comum surgir a sensação de vazio. Após a aposentadoria FIRE, é fundamental redefinir um novo propósito de vida, que pode incluir:

  • Projetos pessoais (escrever, viajar, hobbies criativos).

  • Contribuição social (voluntariado, mentorias, causas comunitárias).

  • Empreendimentos paralelos (negócios menores que tragam realização sem pressão financeira).

2.2. Saúde Mental

O choque de transição pode gerar ansiedade ou até depressão. Estudos mostram que aposentados que não encontram uma rotina estruturada sofrem mais com sentimentos de isolamento. Por isso, é essencial:

  • Manter uma rotina diária (exercícios, hobbies, lazer).

  • Cultivar relações sociais (amizades, grupos de interesse).

  • Buscar apoio profissional, quando necessário, em psicólogos ou terapeutas.

2.3. Estímulo Cognitivo

Com mais tempo disponível, o risco de cair na inércia intelectual aumenta. Aposentados FIRE devem manter-se ativos mentalmente:

  • Ler diariamente.

  • Fazer cursos e aprender novas habilidades.

  • Jogar xadrez, sudoku ou outras atividades que desafiem o cérebro.


3. Cuidados Financeiros Após a Aposentadoria FIRE

Se a fase de acumulação exige disciplina, a fase de usufruto exige planejamento e prudência. Os principais pontos de atenção são:

3.1. Controle de Riscos

A aposentadoria precoce depende de uma estratégia sólida de alocação de ativos. É necessário diversificar para reduzir riscos:

  • Renda variável (ações, ETFs, fundos imobiliários) para crescimento.

  • Renda fixa (Tesouro IPCA+, CDBs, debêntures) para estabilidade.

  • Ativos descorrelacionados (ouro, fundos internacionais, REITs).

3.2. Estratégia de Retiradas

Um dos maiores riscos é retirar mais do que o portfólio pode sustentar. O conceito da regra dos 4% é um guia, mas deve ser adaptado à realidade brasileira, considerando inflação e impostos.

Boas práticas:

  • Retirar valores menores em anos ruins do mercado.

  • Reforçar a reserva de emergência com liquidez imediata.

  • Ajustar retiradas conforme mudanças de estilo de vida.

3.3. Planejamento Tributário

No Brasil, a tributação pode impactar fortemente os rendimentos. É importante estruturar:

  • Alocação entre ativos isentos (LCI, LCA, fundos de infraestrutura).

  • Aproveitamento de instrumentos com tributação regressiva.

  • Eventual diversificação internacional para reduzir riscos cambiais e tributários.

3.4. Blindagem Patrimonial

Após acumular patrimônio, é preciso protegê-lo:

  • Seguro de vida e de saúde para evitar impactos imprevistos.

  • Estruturação sucessória (testamento, holding familiar).

  • Evitar investimentos arriscados por pressão social ou modismos.


4. O Perigo do Consumo Descontrolado

Ao conquistar a liberdade financeira, algumas pessoas caem na armadilha do consumismo, acreditando que podem gastar sem limites. Esse comportamento pode corroer anos de disciplina em pouco tempo.

Boas práticas para evitar isso:

  • Estabelecer um orçamento mensal fixo, mesmo já aposentado.

  • Praticar consumo consciente, valorizando experiências mais que bens materiais.

  • Revisar periodicamente as metas e sonhos para manter o foco.


5. Exercícios de Planejamento Pessoal

Um bom exercício para quem já atingiu o FIRE é desenhar um mapa de vida:

  • Onde quero estar nos próximos 5, 10 e 20 anos?

  • O que quero aprender e realizar nesse período?

  • Qual legado desejo deixar?

Esse tipo de reflexão ajuda a alinhar os cuidados psicológicos e financeiros, dando mais clareza para o futuro.


6. Sugestão de Diversificação dos Investimentos

O contexto brasileiro é diferente do dos EUA, onde a estratégia FIRE nasceu. Aqui, a renda fixa (Tesouro IPCA+, CDBs, debêntures, FI-INFRA etc.) paga taxas muito mais atraentes e com segurança maior. Estudos de planejadores financeiros sugerem que um portfólio pós-aposentadoria no Brasil deve ter maior peso em renda fixa e menor exposição em renda variável, justamente para reduzir a volatilidade e dar previsibilidade nas retiradas.

Uma alocação mais adequada poderia ser algo como:

  • Renda Fixa: 55%

  • Renda Variável: 25%

  • Internacional: 10%

  • Ativos Descorrelacionados (ouro, fundos estruturados, cripto em pequena escala): 10%


📊 Isso reflete melhor o perfil de alguém que já atingiu o FIRE e precisa preservar patrimônio.


7. Conclusão

Atingir o FIRE é um feito extraordinário, mas representa apenas o início de uma nova jornada. Após se aposentar cedo, os maiores desafios não são apenas financeiros, mas também psicológicos.

Manter um propósito, cuidar da saúde mental e proteger o patrimônio são pilares fundamentais para transformar a independência financeira em uma vida plena e equilibrada.

Afinal, o verdadeiro objetivo do FIRE não é apenas parar de trabalhar, é conquistar a liberdade para viver de acordo com seus valores, sonhos e propósito.

Com equilíbrio entre cabeça e carteira, a aposentadoria antecipada pode se tornar não apenas um marco de independência, mas o início de uma das fases mais ricas e gratificantes da vida.



sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Efeitos da Queda da Taxa SELIC sobre os Investimentos

A taxa SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia – é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela influencia praticamente todas as taxas de juros do país, desde financiamentos e empréstimos até o rendimento de aplicações financeiras. Quando o Banco Central decide reduzir a SELIC, os impactos são sentidos em diversos setores da economia e nos investimentos.


1. O que significa a queda da SELIC?

Uma redução na taxa SELIC normalmente ocorre quando o Banco Central quer estimular a economia. Juros mais baixos tornam o crédito mais acessível, incentivando o consumo e o investimento produtivo. Por outro lado, os rendimentos de aplicações de renda fixa, especialmente aquelas indexadas à própria SELIC, tendem a cair.


2. Impactos na Renda Fixa

Investimentos como Tesouro SELIC, CDBs, LCIs/LCAs e fundos DI são diretamente afetados pela redução da taxa básica. Com juros menores, o retorno real desses investimentos (descontada a inflação) tende a diminuir.

Por exemplo, se a SELIC cair de 10,75% para 9,25% ao ano, o Tesouro SELIC acompanha essa redução, e o investidor que busca segurança e liquidez verá um rendimento menor.

Contudo, títulos prefixados e atrelados ao IPCA podem se valorizar com a expectativa de queda da taxa de juros futura, gerando ganhos de capital.


3. Benefícios para a Renda Variável

Quando a SELIC cai, ações e fundos imobiliários costumam ganhar destaque. Isso acontece porque os investidores buscam alternativas mais rentáveis diante da queda nos juros da renda fixa.

  • Ações (Bolsa de Valores): empresas tendem a se beneficiar do crédito mais barato e do aumento no consumo. Setores como varejo, construção civil e tecnologia costumam reagir positivamente.

  • Fundos Imobiliários (FIIs): tornam-se mais atrativos, pois distribuem rendimentos mensais e podem se valorizar com a recuperação do mercado imobiliário e o barateamento do financiamento.


4. Efeitos na Economia Real

A queda da SELIC também tem reflexos diretos na economia:

  • Consumo: aumenta, pois os financiamentos ficam mais baratos.

  • Empresas: reduzem custos com dívidas e podem expandir seus investimentos.

  • Câmbio: o real tende a desvalorizar, pois o diferencial de juros com outros países diminui, o que pode favorecer exportadores.


5. Estratégias do Investidor

Durante ciclos de queda da SELIC, o investidor pode:

  • Migrar gradualmente parte da carteira para renda variável, buscando maior potencial de retorno.

  • Aproveitar títulos prefixados ou Tesouro IPCA+, que ainda oferecem taxas atrativas e podem se valorizar com a queda dos juros.

  • Diversificar em ativos reais (fundos imobiliários, debêntures incentivadas, infraestrutura, etc.) para manter o poder de compra no longo prazo.


6. Considerações Finais

A queda da taxa SELIC é uma ferramenta poderosa de estímulo econômico, mas exige adaptação dos investidores. O importante é manter uma carteira diversificada, equilibrando segurança, rentabilidade e liquidez.

Em resumo, enquanto a renda fixa perde atratividade no curto prazo, oportunidades surgem na renda variável e em setores produtivos da economia.

📊 Gráficos Explicativos



Obs.: Este gráfico serve bem para exemplificar a ideia, mas tem alguns problemas, em 2015 o Ibovespa fez mínima, Brasil em crise, impeachment e tal. 2019/2020 crise do Covid fizeram a SELIC cair muito.


📊 À esquerda, a relação entre a taxa SELIC e o IBOVESPA de 2005 a 2015, mostrando como reduções nos juros frequentemente antecederam períodos de valorização na Bolsa. 
Obs.: Ibovespa teve uma forte queda em 2008 devido a crise do subprime.
📈 À direita, a comparação dos rendimentos médios de diferentes classes de ativos (renda fixa, ações e FIIs) em cenários de SELIC alta e baixa — evidenciando o ganho relativo da renda variável quando os juros caem.

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Cálculo do Capital Necessário para Aposentadoria: Quanto Você Precisa para Viver de Renda?

Planejar a aposentadoria é um dos maiores desafios financeiros da vida. Diferente de outros objetivos, como comprar uma casa ou um carro, a aposentadoria exige pensar em décadas de sustento, muitas vezes sem uma fonte ativa de renda. Por isso, entender quanto de capital é necessário acumular para se aposentar é fundamental para evitar surpresas no futuro.

Neste artigo, vamos explorar os principais conceitos, fórmulas, exemplos práticos e simulações que ajudam a calcular o capital necessário para alcançar a independência financeira.


Por que calcular o capital da aposentadoria?

Muitas pessoas trabalham durante anos sem saber exatamente quanto precisam guardar para viver confortavelmente no futuro. Essa falta de clareza pode levar a dois riscos:

  • Poupar menos do que o necessário: correndo o risco de ficar dependente do INSS ou da ajuda da família.

  • Poupar mais do que o necessário: abrindo mão de qualidade de vida no presente por medo de gastar.

Com um cálculo estruturado, você descobre quanto acumular, quanto investir e quando pode se aposentar.


O tripé da aposentadoria

O cálculo do capital necessário envolve três variáveis principais:

  1. Quanto você gasta (ou pretende gastar) por mês na aposentadoria.

  2. Quanto tempo você vai viver após se aposentar.

  3. Qual a rentabilidade esperada dos investimentos ao longo da aposentadoria.

Esses fatores se combinam em modelos matemáticos e financeiros que ajudam a estimar o valor alvo.


Abordagens para calcular o capital necessário

Existem diferentes metodologias utilizadas por planejadores financeiros. Vamos explorar as principais.

1. A Regra dos 4%

Muito difundida no planejamento financeiro, especialmente nos EUA, a regra dos 4% sugere que você pode sacar 4% do capital acumulado por ano sem correr risco de ficar sem dinheiro, assumindo uma carteira diversificada de investimentos.

  • Exemplo: Se você precisa de R$ 60 mil por ano (R$ 5.000/mês), o cálculo seria:

    Capital=60.000÷0,04=R$1.500.000Capital = 60.000 ÷ 0,04 = R\$ 1.500.000 

Ou seja, precisaria de 1,5 milhão investido para manter esse padrão.

Ponto positivo: Simples e fácil de aplicar.
Ponto negativo: Não considera inflação brasileira e oscilações de rentabilidade.


2. Modelo de Fluxo de Caixa Descontado (FCD)

Mais sofisticado, esse modelo calcula o capital necessário levando em conta inflação, expectativa de vida e taxa real de retorno.

A fórmula básica é a do valor presente de uma anuidade:

VP=PMT×(1(1+i)n)÷iVP = PMT \times \left(1 - (1+i)^{-n}\right) ÷ i 
Onde:
  • VP = Valor presente (capital necessário)

  • PMT = valor da renda mensal desejada

  • i = taxa de retorno real (rentabilidade acima da inflação)

  • n = número de períodos (meses ou anos de aposentadoria)

  • Exemplo prático:
    Suponha que você quer R$ 5.000 mensais, vai se aposentar aos 60 anos e estima viver até os 90 anos (30 anos de aposentadoria). Considerando taxa real de 3% ao ano:

VP=60.000×(1(1+0,03)30)÷0,03VP = 60.000 \times \left(1 - (1+0,03)^{-30}\right) ÷ 0,03 

Resultado: aproximadamente R$ 1.184.000.
Perceba que esse valor é menor do que na regra dos 4%, pois considera que o capital vai se reduzindo ao longo da vida.


3. Abordagem da Renda Perpétua

Se o objetivo é viver apenas dos rendimentos sem consumir o capital, o cálculo é simples:

Capital=RendaAnual÷RentabilidadeCapital = Renda Anual ÷ Rentabilidade 
  • Exemplo: Para viver com R$ 60.000 por ano, considerando 5% de rentabilidade real:

Capital=60.000÷0,05=R$1.200.000Capital = 60.000 ÷ 0,05 = R\$ 1.200.000 

Esse modelo é mais conservador, mas garante que o patrimônio nunca acabe.


Gráfico ilustrativo


Fatores que impactam o cálculo

Além dos modelos, alguns elementos influenciam diretamente no resultado:

  • Inflação: precisa ser considerada, pois o custo de vida sobe ao longo do tempo.

  • Expectativa de vida: viver mais significa precisar de mais capital.

  • Padrão de vida: quanto mais gastos deseja manter, maior o patrimônio necessário.

  • Rentabilidade líquida: deve ser considerada já descontando impostos e taxas.

  • Segurança vs. risco: estratégias mais conservadoras exigem maior capital acumulado.


Como colocar isso em prática?

  1. Defina seu custo de vida atual.
    Exemplo: R$ 5.000 por mês.

  2. Estime seu custo na aposentadoria.
    Pode ser menor (sem filhos, sem financiamento) ou maior (mais gastos com saúde).

  3. Escolha um modelo de cálculo.
    Para segurança, muitos especialistas recomendam usar mais de uma abordagem.

  4. Estabeleça um plano de investimentos.
    Simule aportes mensais, rentabilidade e tempo até chegar ao valor necessário.


Exemplos práticos de metas de capital

Renda desejada (mensal)Renda anualCapital necessário
(regra 4%)
Capital necessário
(FCD – 30 anos, 3% a.a.)
R$ 3.000R$ 36.000R$ 900.000R$ 710.000
R$ 5.000R$ 60.000R$ 1.500.000R$ 1.184.000
R$ 10.000R$ 120.000R$ 3.000.000R$ 2.368.000

Considerações finais

O cálculo do capital necessário para aposentadoria não é uma ciência exata, mas um planejamento baseado em estimativas realistas. O ideal é:

  • Recalcular periodicamente à medida que os gastos e investimentos mudam.

  • Usar uma margem de segurança (20% a mais do que o cálculo inicial).

  • Diversificar investimentos para reduzir riscos.

  • Consultar um planejador financeiro, se possível.

Lembre-se: o melhor momento para começar a planejar a aposentadoria é hoje. Quanto mais cedo você começar, menor será o esforço para atingir a independência financeira no futuro.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

A Lenda da Lâmina do Norte - Woo-gak

Conclui a leitura hoje deste manhwa, obra relativamente curta, apenas 202 capítulos, mas com um universo de artes marciais vasto, a história segue o clichê de vingança, mas envolve diversos assuntos desde estratégia militar, governança, sentido da vida, etc. 



Tirei alguns prints dos capítulos finais pra compartilhar aqui, espero não dar muito spoilers, mas a obra é muito bem desenhada, tem alguns personagens hilários também, o principal é quase sempre inexpressivo, mas por outro lado tem alguns que se expressam até demais.

the end




Alguns personagens do final...










The legend of the Northern Blade - Jin Mu-won

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Subscrição de FIIs: Processo de Expansão dos Fundos Imobiliários


 A subscrição de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) é um mecanismo crucial para o crescimento e a expansão dessas carteiras de ativos. Trata-se de um evento no qual o fundo emite novas cotas para captação de recursos, oferecendo aos seus atuais cotistas o direito de preferência na aquisição. Este processo, embora comum no mercado, gera dúvidas entre os investidores, sendo fundamental compreender seu funcionamento para tomar decisões estratégicas e alinhadas aos seus objetivos financeiros.

Em essência, a subscrição funciona como uma chamada de capital. Os recursos levantados com a emissão de novas cotas são, geralmente, destinados à aquisição de novos imóveis, ao desenvolvimento de projetos ou à otimização do portfólio existente. Para o investidor, a subscrição representa uma oportunidade de aumentar sua participação no fundo, muitas vezes a um preço por cota mais atrativo do que o negociado no mercado secundário.

O Mecanismo da Subscrição: Passo a Passo

O processo de subscrição de FIIs segue um rito bem definido, comunicado ao mercado por meio de fato relevante e prospecto da oferta. Os principais passos incluem:

  1. Anúncio da Subscrição: A administradora do fundo comunica ao mercado a sua intenção de emitir novas cotas. Este anúncio detalha o montante que se pretende captar, o preço de emissão das novas cotas, o fator de proporção para a subscrição e o cronograma do evento.

  2. Direito de Preferência: Os investidores que já possuem cotas do FII em uma data pré-determinada (a "data-base") recebem o direito de subscrever uma quantidade de novas cotas proporcional à sua participação atual. Esse direito é representado por um ticker temporário, geralmente com final "12" (ex: FIIX12), que é creditado na conta do investidor na corretora.

  3. Período de Exercício: Abre-se um prazo para que os cotistas decidam o que fazer com seus direitos de subscrição. Existem três caminhos possíveis:

    • Exercer o Direito: O investidor manifesta à sua corretora o interesse em adquirir as novas cotas, efetuando o pagamento correspondente.

    • Vender o Direito: Caso não tenha interesse ou capital para subscrever, o investidor pode vender seus direitos de subscrição no mercado secundário, da mesma forma que negocia as cotas. O valor desses direitos flutua de acordo com a oferta e a demanda.

    • Não Fazer Nada: Se o investidor não exercer nem vender seus direitos dentro do prazo estipulado, eles "viram pó", ou seja, perdem a validade e o investidor não tem qualquer retorno financeiro.

  4. Período de Sobras de Subscrição: É comum que nem todos os cotistas exerçam seus direitos de preferência. As cotas que não foram subscritas nesta primeira fase são então oferecidas aos investidores que já subscreveram e manifestaram interesse em adquirir uma quantidade adicional.

  5. Encerramento e Conversão: Ao final do processo, os direitos de subscrição são convertidos nas novas cotas do fundo (com o ticker final "11"), que passam a ser negociadas normalmente no mercado.



Vantagens e Desvantagens a Serem Ponderadas

A participação em uma subscrição de FIIs pode ser vantajosa, mas também envolve riscos que devem ser cuidadosamente avaliados pelo investidor.

Principais Vantagens:

  • Preço Atrativo: Frequentemente, o preço de emissão das novas cotas na subscrição é inferior ao valor de mercado, representando uma oportunidade de compra com desconto.

  • Manutenção da Participação: Ao exercer o direito de subscrição, o cotista evita a diluição de sua participação no fundo. Com a emissão de novas cotas, o patrimônio total do FII aumenta, e se o investidor não acompanha esse crescimento, sua fatia proporcional no todo diminui.

  • Potencial de Crescimento do Fundo: A captação de novos recursos pode permitir ao fundo realizar investimentos estratégicos que gerem maior valorização e distribuição de rendimentos no futuro.

  • Geração de Renda Extra: A venda dos direitos de subscrição no mercado pode gerar um ganho de capital para o investidor que optar por não exercer sua preferência.

Principais Desvantagens:

  • Necessidade de Capital: Para exercer o direito de subscrição, o investidor precisa dispor de recursos financeiros no momento da oferta.

  • Risco de Desvalorização: Não há garantia de que o preço da cota no mercado se manterá acima do preço de subscrição. Fatores de mercado podem levar a uma queda no valor das cotas após a emissão.

  • Diluição em Caso de Não Participação: A consequência de não exercer nem vender os direitos de subscrição é a diminuição da sua representatividade no fundo, o que pode impactar proporcionalmente o recebimento de dividendos.



Em suma, a subscrição de FIIs é uma ferramenta vital para o dinamismo do mercado imobiliário de capitais. Para o investidor, representa um momento de decisão estratégica: uma chance de ampliar sua posição em um ativo que confia, a um custo potencialmente reduzido, ou uma oportunidade de realizar um lucro com a venda de seus direitos. A chave para uma decisão bem-sucedida reside na análise cuidadosa dos fundamentos do fundo, dos objetivos da captação de recursos e do alinhamento da operação com a sua estratégia de investimentos pessoal.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Dicas para organizar seu dinheiro

Dicas práticas e aplicáveis — orçamento, reserva de emergência, pagamento de dívidas e primeiros passos para investir.

Por que controlar as finanças?

Sem um plano financeiro claro é comum entrar em ciclo de dívidas, depender de empréstimos e ter pouca ou nenhuma reserva para imprevistos. Controlar as finanças traz:

  • Redução de dívidas e juros pagos;
  • Capacidade de poupar e investir regularmente;
  • Segurança para emergências e decisões mais conscientes;
  • Planejamento de metas de curto, médio e longo prazo.

Primeiro passo: conheça sua realidade

Mapear receitas e despesas é essencial. Comece por:

  • Anotar todas as receitas (salário, renda extra, freelances);
  • Listar despesas fixas (aluguel, contas, parcelas);
  • Registrar despesas variáveis (supermercado, lazer, combustível);
  • Catalogar dívidas (cartão, empréstimos) com taxa de juros e prazo.

Dica prática: registre tudo por 30 dias. Use planilha, app ou um caderno. O objetivo é eliminar surpresas.

Orçamento prático: regra 50-30-20

Uma regra simples para começar a organizar o dinheiro:

  • 50% — gastos essenciais (moradia, transporte, alimentação);
  • 30% — estilo de vida (lazer, viagens, restaurantes);
  • 20% — poupança e investimentos.

Essa divisão é um ponto de partida. Ajuste conforme sua realidade — quem tem dívida elevada pode destinar mais que 20% para amortização.

Como eliminar dívidas

Dívidas corroem a capacidade de poupar. Duas metodologias funcionam bem:

  • Avalanche: priorizar o pagamento das dívidas com maior taxa de juros;
  • Bola de neve: priorizar as dívidas menores para ganhar momentum psicológico.

Combine estratégias: comece pela avalanche para reduzir o custo total e, se precisar de motivação, alterne para a bola de neve em parcelas pequenas.

Reserva de emergência

A recomendação é ter entre 3 e 6 meses de despesas fixas em um investimento de alta liquidez e baixo risco. Exemplo:

Despesas mensais: R$ 3.000 → reserva ideal: R$ 9.000 a R$ 18.000.

Onde guardar a reserva:

  • Tesouro Selic;
  • CDB com liquidez diária;
  • Fundos DI de baixo custo.

Nunca coloque a reserva em investimentos de alta volatilidade (ações, criptomoedas), pois você pode precisar do dinheiro no momento errado.

Investir para o futuro

Com dívidas sob controle e reserva montada, diversifique entre opções adequadas ao seu perfil:

  • Renda fixa: Tesouro Direto, CDBs, LCIs/LCA;
  • Fundos imobiliários (FIIs): renda periódica e exposição a imóveis;
  • Ações e ETFs: recomendados para horizonte longo (>5 anos) e tolerância a volatilidade.

Importante: alinhe investimentos às suas metas (curto, médio, longo prazo) e à sua tolerância a risco.

Erros comuns

  • Confiar apenas na memória para controlar gastos;
  • Usar cartão de crédito como renda extra;
  • Não ter metas financeiras claras;
  • Comparar-se com os outros em vez de seguir seu plano.

Ferramentas úteis

  • Planilhas: Google Sheets, Excel;
  • Apps: Mobills, GuiaBolso, Organizze (use aquele que melhor se adapta a você);
  • Método envelope (digital ou físico) para controlar categorias com maior disciplina.

Conclusão

Controle financeiro é, acima de tudo, liberdade de escolha. Com um orçamento claro, reserva de emergência e disciplina para investir, você transforma pequenas atitudes em segurança e patrimônio no longo prazo. Comece hoje: registre suas receitas e despesas por 30 dias e ajuste seu orçamento a partir daí.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

O Fim da Aposentadoria Pública?

 🚨 Você já parou para pensar se o INSS vai garantir sua aposentadoria nos próximos anos?

A realidade é dura: mudanças demográficas, déficits bilionários e incertezas fiscais colocam em risco o conforto financeiro de quem depende apenas da aposentadoria pública.


Não apenas o déficit é grande, mas ele também tem uma tendência de crescimento exponencial, impulsionado pelo aumento do número de aposentados e pela maior longevidade. Mesmo com as reformas previdenciárias implementadas em 1998, 2003, 2017 e 2019, que buscaram mitigar o problema, o desafio fiscal persiste e se agrava. A reforma mais recente, aprovada em 2019, embora tenha sido fundamental para conter um colapso ainda mais rápido, não resolveu a questão de forma definitiva, apenas adiou o problema e o tornou menos agudo no curto prazo.

Além da longevidade, outro ponto que contribui para o envelhecimento da população é a queda da taxa de fecundidade, segundo IBGE, a população vai parar de crescer em 2041. 

Em 1960, a taxa de fecundidade média era de 6,3 filhos por mulher. Em 2020, esse número caiu para cerca de 1,7 filhos por mulher, bem abaixo da taxa de reposição populacional (2,1 filhos por mulher), necessária para manter o tamanho da população estável. Ao mesmo tempo, a expectativa de vida ao nascer aumentou significativamente, passando de 48 anos em 1960 para mais de 76 anos atualmente.

Informalidade: Mais um Elo Fraco na Corrente

A informalidade é um problema crônico no Brasil. Dados do IBGE frequentemente mostram que milhões de trabalhadores atuam sem carteira assinada, sem recolhimento de impostos e, consequentemente, sem contribuir para o INSS. Embora o governo tenha implementado medidas para incentivar a formalização e a contribuição de autônomos e microempreendedores individuais (MEIs), a proporção de trabalhadores informais ainda é muito alta.

Particularmente, penso que muitas vezes os benefícios sociais prejudicam o empregador, que não consegue contratar, pois uma pequena parcela da população prefere manter-se na informalidade para não perder alguns benefícios. Em resumo, mais gastos públicos e menos receitas.


📉 O Brasil está envelhecendo rápido

  • Em 2000, apenas 8,7% da população tinha 60+ anos.

  • Em 2023, já são 15,6%.

  • Projeções do IBGE indicam que em 2070 esse número pode chegar a 37,8%.

👉 Resultado: menos gente contribuindo, mais gente recebendo.


💸 Previdência consome o orçamento

  • A Previdência Social representa cerca de 12% do PIB.

  • Mais de 20% do orçamento federal vai só para aposentadorias e pensões.

  • Somando Previdência e pessoal, quase 60% das despesas do governo já estão comprometidas.

👉 Isso deixa pouco espaço para reajustes generosos ou expansão de benefícios.


📊 Déficits bilionários

Dependendo da forma de medir, os números variam, mas o desequilíbrio é real:

  • RGPS 2024 (RREO): R$ 30,3 bi de déficit.

  • 1º semestre 2025 (STN): R$ 203,7 bi negativos.

  • Previdência pública total (TCU): R$ 428,2 bi de rombo.

👉 Não é “ruído contábil”. É um problema estrutural.


⚖️ Reformas ajudam, mas não resolvem

  • Idade mínima aumentou.

  • Fórmulas de cálculo mudaram.

  • Auditorias cortam fraudes e irregularidades.

Mesmo assim, os déficits continuam e novas reformas podem vir.


🚧 Riscos de depender só do INSS

  • Benefício insuficiente → poder de compra corroído pela inflação.

  • Regras mais duras → pode ter que trabalhar mais tempo que imagina.

  • Risco fiscal → reajustes menores e congelamentos possíveis.


✅ O que fazer agora

  • Poupe e invista cedo → Tesouro IPCA, FIIs, ações, CDBs.

  • Considere previdência complementar (PGBL/VGBL).

  • Diversifique fontes de renda (aluguéis, negócios, investimentos).

  • Planeje a aposentadoria com simulações realistas.

  • Busque informação confiável (IBGE, STN, TCU).


🔑 Conclusão

O INSS não vai acabar. Mas não dá para contar apenas com ele.
Quem quer manter qualidade de vida na aposentadoria precisa de planejamento, investimentos e múltiplas fontes de renda.


Notícias e Referências

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Brasil Regredindo nas Leis

 


PEC da Blindagem aprovada, infelizmente.


COMISSÃO ESPECIAL DO PARECER PROFERIDO EM PLENÁRIO DE MATÉRIA URGENTE PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 3, DE 2021 Altera os arts. 14, 27, 53, 102 e 105 da Constituição Federal, para dispor sobre as prerrogativas parlamentares e dá outras providências. Autores: Deputados CELSO SABINO Relator: Deputado Claudio Cajado I - RELATÓRIO A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 3, de 2021, de autoria Deputado Celso Sabino, dispõe sobre prerrogativas parlamentares, em especial sobre aquilo que concerne às imunidades material e formal dos membros do Congresso Nacional, aplicando as inovações aos Deputados Estaduais. Em síntese, a proposta prevê: I) Produção de efeitos da inelegibilidade prevista no art.14, §9º, CF/88, condicionada à observância do duplo grau de jurisdição; II) Impossibilidade de afastamento da imunidade material, cabendo apenas responsabilização ético-disciplinar do parlamentar perante a Casa Legislativa respectiva; III) Aplicação da prerrogativa de foro de Parlamentares no STF para crimes relacionados ao mandato; IV) Restrição da prisão em flagrante de parlamentar aos casos em que a inafiançabilidade esteja prevista na Constituição; V) Disposições sobre a custódia do Parlamentar preso em flagrante e sobre as medidas seguintes à audiência de custódia; VI) Disposições sobre medidas judiciais relacionadas ao Parlamentar e ao exercício do mandato; e VII) Criação de novas hipóteses de recurso ordinário ao STF e ao STJ com o objetivo de garantir o duplo grau de jurisdição nos processos criminais julgados originariamente pelo STF, pelos Tribunais Superiores e pelos Tribunais de segunda instância. Não foram oferecidas emendas à matéria. Em 24.2.2021, foi proferido parecer de Plenário pela então Relatora, Deputada Margarete Coelho, pela admissibilidade da proposta na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, bem como pela sua aprovação na Comissão Especial, nos termos do Substitutivo apresentado. Em 19.8.2024, sobreveio decisão da Presidência que determinou que "na esteira do que já se fez em situação similar, por ocasião da apreciação da PEC n. 293, de 2004", fosse designado relator para proferir novo parecer em Plenário. É o relatório. II - VOTO DO RELATOR A proposição recebeu parecer de Plenário, em substituição à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, favorável à sua admissibilidade. Em sequência, em substituição à Comissão Especial, passamos, nesta oportunidade, para a análise do mérito, nos termos do art. 202, § 2º, do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. A Proposta de Emenda à Constituição, de autoria do nobre colega Deputado Celso Sabino, dispõe sobre prerrogativas parlamentares, em especial naquilo que concerne às imunidades material e formal dos membros do Congresso Nacional, aplicando as inovações aos Deputados Estaduais. De início, friso que as prerrogativas parlamentares possuem natureza institucional e são essenciais para atividade livre e autônoma do Poder Legislativo. Diferentemente do que se apregoa no senso comum, as prerrogativas não podem ser confundidas com privilégios incompatíveis com o princípio republicano. São, em verdade, garantias indispensáveis à própria viabilidade institucional do Poder Legislativo, pilar fundamental do Estado Democrático de Direito. As prerrogativas institucionais atribuídas ao Poder Legislativo, nesse sentido, em nada destoam daquelas constitucionalmente conferidas aos Poderes Executivo e Judiciário e ao Ministério Público, como, por exemplo, a imunidade processual, a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídios. Todas são medidas institucionais de caráter protetivo que salvaguardam as atividades tipicamente de Estado, e a parlamentar em específico, de eventuais ingerências, pressões e coações. Portanto, as prerrogativas pertencem às Casas Legislativas e os parlamentares delas se valem quando no exercício do mandato parlamentar e em prol das atividades correlatas. Sem elas, insistimos, o representante não teria plena autonomia para cumprir o mandato que lhe foi conferido pelo povo. Essa interpretação teleológica das prerrogativas institucionais está em absoluta conformidade com o entendimento doutrinário e com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. A título de exemplo, cito passagem do livro “Curso de Direito Constitucional”, de autoria do Ministro Gilmar Ferreira Mendes e do Procurador Geral da República Paulo Gustavo Gonet: Com a finalidade de assegurar a liberdade do representante do povo ou do Estado-membro no Congresso Nacional, e isso como garantia da independência do próprio parlamento e da sua existência, a Constituição traça um conjunto de normas que instituem prerrogativas e proibições aos congressistas [...] A imunidade não é concebida para gerar um privilégio ao indivíduo que por acaso esteja no desempenho de mandato popular; tem por escopo, sim, assegurar o livre desempenho do mandato e prevenir ameaças ao funcionamento normal do Legislativo.1 O eminente Professor José Afonso da Silva, o constitucionalista mais vezes citado na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, é bastante didático ao expor a natureza e a finalidade das prerrogativas institucionais: São estabelecidas menos em favor do congressista que da instituição parlamentar, como garantia de sua independência perante outros poderes constitucionais.2 Em decisão recente, proferida por ocasião do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5526 (“ADI 5526”), cuja redação do acórdão foi entregue ao Ministro Alexandre de Moraes, o Supremo Tribunal Federal assim consignou seu entendimento a respeito das prerrogativas institucionais ora em análise: Na independência harmoniosa que rege o princípio da Separação de Poderes, as imunidades do Legislativo, assim como as garantias do Executivo, Judiciário e do Ministério Público, são previsões protetivas dos Poderes e Instituições de Estado contra influências, pressões, coações e ingerências internas e externas e devem ser asseguradas para o equilíbrio de um Governo Republicano e Democrático. 2. Desde a Constituição do Império até a presente Constituição de 5 de outubro de 1988, as imunidades não dizem respeito à figura do parlamentar, mas às funções por ele exercidas, no intuito de preservar o Poder Legislativo de eventuais excessos ou abusos por parte do Executivo ou Judiciário, consagrando-se como garantia de sua independência perante os outros poderes constitucionais e mantendo sua representação popular3 . Registramos, ainda, por oportuno, que as prerrogativas institucionais estão presentes em todas as Constituições brasileiras, tendo sido tolhidas apenas em períodos autoritários. Isso demonstra que elas são inequivocamente intrínsecas à própria democracia. A propósito, salientamos, também, que a previsão constitucional de prerrogativas institucionais é o padrão no direito constitucional comparado. O Professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, José Levi Mello do Amaral Jr., autor de notável monografia dedicada ao tema da inviolabilidade parlamentar, assim resume a tradição constitucional nacional e estrangeira: Consulta, breve que seja, ao sítio Constitute Project [...] (que permite comparar praticamente todas as Constituições vigentes no mundo e com razoável nível de atualização) revela que as imunidades parlamentares, de algum modo, constam de 180 das Constituições vigentes [...] Com efeito, todas as 22 democracias estáveis consideradas possuem Constituições ou diplomas normativos materialmente constitucionais que, sem nenhuma exceção, ainda que em diferentes medidas, dispõem sobre as imunidades parlamentares. [...] Ademais, a Constituição de 1988 e a Emenda n.35, de 2001, são a culminância de toda uma tradição constitucional na matéria, tradição essa iniciada com a Constituição de 1824, passando pelas Constituições de 1934 e de 1946, até chegar à Constituição de 1988 (aí incluída a Emenda n. 35, de 2001). Conheceu dois hiatos bastante evidentes como as Constituições de 1937 e de 1967, que escapam – seja pelas soluções que adotaram, seja pelos respectivos contextos autoritários – daquela tradição.4 . Esses esclarecimentos iniciais formam, portanto, as premissas que nortearam a elaboração deste voto e do Substitutivo que o acompanha. Com isso, passo a seguir a expor o conteúdo do Substitutivo. O §1º do art. 53 da Constituição Federal com a redação dada pelo Substitutivo dispõe que, além de se submeterem a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal desde a expedição do diploma, os Deputados e Senadores, a qualquer tempo, somente serão alvos de medidas cautelares de natureza pessoal ou real provenientes daquele Tribunal. O §2º do referido artigo restaura a original redação do §1º do art. 53, no sentido de que os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente, sem prévia licença de sua Casa e o §3º que o segue § 3º determina que a licença de que trata o § 2º deverá ser deliberada pela respectiva Casa Legislativa, por votação secreta da maioria absoluta de seus membros, em até noventa dias a contar do recebimento da ordem emanada pelo Supremo Tribunal Federal. O §4º prevê que o indeferimento do pedido de licença suspende a prescrição enquanto durar o mandato, tal como dispunha o texto original do §2º do art. 53 da Constituição Federal. O §5º reestabelece a redação original do §3º do art. 53 da Constituição Federal no sentido de que “no caso de flagrante de crime inafiançável, os autos serão remetidos, dentro de vinte e quatro horas, à Casa respectiva, para que, pelo voto secreto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão e autorize, ou não, a formação de culpa”. Por fim, quanto ao art. 102 da Constituição Federal, o Substitutivo propõe que, além das autoridades que já contavam com foro por prerrogativa de função do Supremo Tribunal Federal, também os Presidentes Nacionais de partidos políticos com representação no Congresso Nacional passam a ser julgados naquela instância. Quanto às imunidades formais a premissa é retomar parte do arcabouço original do estatuto dos congressistas reestabelecendo a lógica havida no texto da Constituição Federal idealizado pelos constituintes originários, com aperfeiçoamentos, pois ele é o modelo mais equilibrado, equânime e democrático, já que autoriza a Casa legislativa a se manifestar, previamente, a respeito da existência de indícios mínimos de autoria e materialidade da denúncia ou da queixa-crime apresentada em desfavor de membro do Congresso Nacional. Diga-se, a propósito, que a redação original da Constituição nunca impediu que os parlamentares fossem ou viessem a ser responsabilizados criminalmente. A intenção original, cuja metodologia se pretende restaurar, era a de que a Casa Legislativa pudesse avaliar, como instituição, a conduta de um de seus membros, sem com isso obstar a responsabilização penal, considerando a suspensão da prescrição na duração do mandato em caso de indeferimento da licença. Estamos conscientes que o modelo original foi objeto de crítica, no que resultou a aprovação da Emenda Constitucional nº 35, de 2001. Naquela oportunidade passou-se a adotar o modelo de sustação da ação penal em vez de licença prévia ao processamento da denúncia ou queixa-crime. Desde 1988, portanto, vivenciamos dois modelos distintos e por um prazo razoável: entre 1988 e 2001 vigorou o modelo da licença prévia e de 2001 até a presente data o modelo de sustação da ação penal. Verificou-se, todavia, que as mudanças ali introduzidas acabaram por inferiorizar a posição institucional das Casas Legislativas e por fragilizar o exercício do mandato eletivo. Dessa avaliação, concluímos ser necessário, nesse momento, voltar a garantir aos congressistas, no exercício do mandato e em função dele, plena liberdade, como forma de preservar o Poder Legislativo e os princípios da separação dos poderes e da soberania popular e, portanto, a própria democracia. Propomos, assim, fixar um prazo de noventa dias para que a respectiva Casa Legislativa aprecie, por meio de votação secreta, o pedido de licença prévia para instauração do processo criminal.  Mantivemos, também, o dispositivo que suspende o transcurso da prescrição na hipótese de indeferimento do pedido de licença, o que, mais uma vez, sinaliza o compromisso desta Relatoria em evitar a blindagem de quem quer que seja. Ainda a respeito das imunidades formais, o Substitutivo prevê regramento específico em relação às medidas cautelares de natureza pessoal e real provenientes aplicadas em desfavor de membro do Congresso Nacional. Esse é um ponto essencial uma vez que nem o texto original, nem a Emenda Constitucional nº 35, de 2001, deram o devido tratamento à matéria. Encerro este voto saudando novamente o nobre colega Deputado Celso Sabino pela iniciativa dessa proposição e reiteramos o nosso propósito de apresentar um texto substitutivo que sintetize a tradição constitucional brasileira, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e o direito comparado. Um texto ponderado, refletido, sem casuísmos e avesso à impunidade. Nosso compromisso ao assumir esta Relatoria é o de assegurar o pleno exercício das atividades parlamentares e isso só será possível se o Congresso Nacional estiver munido das devidas prerrogativas. II.1 - Conclusão do voto Pelo exposto, pela Comissão Especial, voto no sentido da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 3, 2021, nos termos do Substitutivo ora apresentado.

COMISSÃO ESPECIAL DO PARECER PROFERIDO EM PLENÁRIO DE MATÉRIA URGENTE SUBSTITUTIVO À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº 3, DE 2021

Altera os arts. 53 e 102 da Constituição Federal para dispor sobre prerrogativas parlamentares. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: Art. 1º O art. 53 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 53. .......................................................................... § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal e, a qualquer tempo, somente serão alvos de medidas cautelares de natureza pessoal ou real dele provenientes. § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente, sem prévia licença de sua Casa. § 3º A licença de que trata o § 2º deverá ser deliberada pela respectiva Casa Legislativa, por votação secreta da maioria absoluta de seus membros, em até noventa dias a contar do recebimento da ordem emanada pelo Supremo Tribunal Federal. § 4º O indeferimento do pedido de licença suspende a prescrição enquanto durar o mandato. § 5º No caso de flagrante de crime inafiançável, os autos serão remetidos, dentro de vinte e quatro horas, à Casa respectiva, para que, pelo voto secreto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão e autorize, ou não, a formação de culpa. ..................................................................................” (NR) Art. 2º O art. 102 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 102.............................................................................. I - ........................................................................................... .. b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, os Presidentes Nacionais de partidos políticos com representação no Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; ............................................................................................” (NR) Art. 3º Esta Emenda à Constituição entra em vigor na data de sua publicação.


https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=3001045&filename=Tramitacao-PEC%203/2021


Atualização 25/09


Senado cancelou a proposta, após protestos em todas as capitais, parabéns aos brasileiros envolvidos, o senado rejeitou a pec da blindagem.


Temos que ficar de olho nesses políticos.